Carregosa: “Processo de desinflação decorre sem sobressaltos tanto na zona euro como nos EUA”

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Carregosa: “Processo de desinflação decorre sem sobressaltos tanto na zona euro como nos EUA”

Carregosa: “Processo de desinflação decorre sem sobressaltos tanto na zona euro como nos EUA”

Na sessão de apresentação do Outlook de Investimento para o 2.º Semestre de 2025, promovida pelo Banco Carregosa, Mário Carvalho Fernandes – Chief Investment Officer; a de Filipe Silva – Diretor de Investimentos; e Pedro Baldaia – Head of Equities mostram-se otimistas com a economia e com os mercados.

O panorama económico e político global está a mudar rapidamente, marcado por uma ampla reorganização das relações comerciais e das alianças políticas em todo o mundo. Como resposta, os indicadores de incerteza nos mercados globais dispararam na primeira metade de 2025. Mas nas últimas semanas assistimos a um ciclo de otimismo, impulsionado pelo abrandamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos (EUA) e a China, guerra em stand by, bem como por alguns dados macroeconómicos melhores do que o esperado, revelam os analistas do Banco Carregosa.

As projeções de crescimento global para 2025 e 2026 encontram-se em 2,60% e 2,80%, revistas em baixa de 3,0% no início do ano. Os analistas repercutiram nas suas projeções as preocupações do impacto da incerteza da política norte-americana nessa geografia. Tem havido alguma estabilização das projeções, com a reversão dos receios relativos ao resultado final do processo de negociação dos acordos comerciais bilaterais dos EUA com cada um dos seus parceiros comerciais.

Mário Carvalho Fernandes explicou que “desde a eleição de Trump, os índices de sentimento de atividade têm revelado uma conjuntura de crescimento mais branda”. No entanto, “a realidade tem revelado um crescimento das surpresas, ou seja, a realidade tem-se revelado mais positiva do que o temido pelos empresários”.

De entre os objetivos do presidente americano Donald Trump com a guerra comercial está a desvalorização do dólar para aumentar as exportações dos Estados Unidos e a redução da dívida do país. Recorde-se que o dólar é ainda a moeda de reserva, ou seja a moeda que é utilizada em grandes quantidades, por muitos governos e instituições.

Os mercados continuam a estão a precificar dois cortes dos juros pela Fed até ao final do ano, menos do que antes, o que pode dar suporte à moeda dos EUA.

O Chief Investment Officer explicou que o mercado percebeu que Donald Trump extrema posições para ancorar uma posição negocial.

O Carregosa destacou ainda a eleição, em 2026, do novo presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), que poderá alterar a política monetária naquele país. A possibilidade de ser um presidente ultra dovish é considerado um risco para os especialistas.

“O processo de desinflação decorre sem sobressaltos tanto na Zona Euro como nos EUA” revelaram os gestores do Banco Carregosa. “Mesmo as componentes menos voláteis presentes na inflação core (exclui alimentação e energia) aproximam-se dos targets dos bancos centrais. Contudo, a expectativa do aumento do custo de vida resultante da imposição de tarifas no “Liberation Day” tem contribuído para aumentar os receios dos consumidores norte-americanos e de alguns governadores da Reserva Federal. A realidade deverá mostrar-se mais benigna e permitir uma recuperação do consumo e uma política monetária menos restritiva”, defendem.

Existem riscos que começam a perfilar-se no horizonte. Nomeadamente reajustes macroeconómicos podem fazer emergir novos e inesperados surtos de stress. Uma recessão mais severa do que o esperado pode introduzir algum stress no mercado. Também na lista das ameaças está o aumento de insolvências.

Por outro lado o regresso da inflação (MAGA, tarifas e desglobalização; efeitos guerras; eventos climáticos extremos) também é um risco.

Na lista de alertas está ainda um risco de uma crise no Real Estate (Residencial ou Comercial).

Também o risco geopolítico com eventual contágio e alargamento dos conflitos armados, e emergência de uma nova ordem mundial.

Na lista das ameaças está o que os analistas do Carregosa chamam “US/China Excessive Debt digestion“.

Na lista das oportunidades estão as economias em equilíbrio e uma nova geração de investidores que podem causar ignição de um meltup do mercado acionista.

No mercado de obrigações, o Carregosa defende que a redução do balanço dos bancos centrais deverá reduzir o suporte ao crédito, mas o ciclo de crescimento económico e a redução de taxas de juro reduz probabilidade de insolvências.

No mercado de ações, destacam a expetativa de no-landing da economia americana e o suporte da política monetária, como ponto positivo.

“Espera-se que o segundo trimestre marque o mínimo do ano de crescimento de resultados, devido a comparações mais difíceis, fraqueza de setores como energia e impacto inicial da introdução de tarifas”, diz Pedro Baldaia.

“O padrão de downgrades em 2025 tem sido semelhante ao histórico”, realça o especialista em ações.

O mercado dos EUA é mais fechado, pelo que o peso das receitas geradas domesticamente é bastante maior do que o da Europa, explica o Carregosa.

“A valorização do euro tem um efeito mais negativo sobre as exportadoras europeias, em termos de potenciais downgrades, do que teria um movimento semelhante para o dólar, conduzindo a outperformance das empresas com exposição local. Downgrades foram mais fortes na Europa que nos EUA”, defende.

Os setores potencialmente mais impactados de forma negativa pela valorização do euro incluem Luxury Goods e Tecnologia.

“Espera-se uma aceleração do ritmo de crescimento no segundo semestre e principalmente em 2026. Os números continuam saudáveis e isso contribui para o otimismo do mercado”.

Numa análise aos múltiplos a que o mercado transaciona, Pedro Baldaia diz que “o mercado continua a transacionar a níveis historicamente elevados, especialmente quando levamos em consideração o nível atual das taxas de juro”.

“Curiosamente também a Europa, depois da valorização YTD (de 1 de janeiro até hoje), negoceia agora já acima da sua média histórica. Numa lógica setorial, encontramos vários setores com níveis de valuation historicamente elevados, como a Tecnologia + Consumer; Discretionary + Industrials, sendo que Healthcare ou Real Estate se destacam pela sua valorização atrativa em termos históricos”, acrescenta.

Posicionamento para os próximos três meses no mercado de ações

O Carregosa prevê mercados novamente em máximos e com valorizações elevadas e “apesar de o crescimento de resultados ainda ser saudável, adotamos um posicionamento ainda otimista mas um pouco mais cauteloso, incorporando o risco de surpresas negativas de crescimento económico e inflação, especialmente no contexto da introdução das tarifas comerciais nos EUA e da volatilidade cambial”.

“Consideramos adequado investir tanto nos EUA, para crescimento e inovação, como na Europa, para valor e reestruturação” e ” recomendamos privilegiar um equilíbrio entre setores menos cíclicos e crescimento estrutural”.

“Deverá continuar a ser favorecida a menor volatilidade de resultados e daí ser privilegiado o investimento em empresas de qualidade, tipicamente de grande capitalização, caracterizadas pela exposição a tendências estruturais de crescimento de longo prazo e excelente geração de cash-flow“, acrescenta o Carregosa.

No que toca aos investimentos alternativos, os analistas defendem que tenderão a ter menor custo de oportunidade à medida que as taxas de juro baixam ao longo de toda a curva de rendimentos, defendem.

Por outro lado defendem que a “de-dolarização” da economia global pode suportar o preço do Ouro.

Já no ouro, o Carregosa defende que a redução da taxa de juro real reduz o custo de oportunidade de detenção de metais preciosos.

Filipe Silva antecipa mais um corte de juros do BCE em setembro

A inflação está no target do Banco Central Europeu (BCE), e deverá estabilizar à volta dos 2%, ao que Lagarde se referiu em Sintra como “target reached” mas não como “mission accomplished”.

Portanto o BCE diz-se estar preparado e bem posicionado para lidar com uma excecional incerteza, se as tensões no médio oriente escalarem.

Pelo que “em julho não deveremos ter mais nenhum corte dos juros”, defende Filipe Silva. Mas em setembro devemos ter mais um corte de 25 pontos base.

jornaleconomico

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